Cidades Inteligentes: Transformação do Ambiente de Negócios
Fonte: Agência Sebrae de Notícias
A analista de Políticas Públicas do Sebrae Rio Carina Ferraz fala sobre o conceito das cidades inteligentes, que surge como uma nova dimensão da gestão pública para o enfrentamento de desafios e também como oportunidade de negócios.
Vivemos um momento de muitos desafios, que se reflete em setores estratégicos da economia e nas atividades empresariais, assim como no ritmo de crescimento e na geração de empregos.
O mundo está cada dia mais urbano, mais da metade da população vive hoje nas cidades e estima-se que esse número aumente para 70% até 2050, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). A população mundial será de 9 bilhões de pessoas e cerca de 6 bilhões delas estarão vivendo nos grandes centros. Neste contexto, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas são impactados por diversos desafios e oportunidades.
As expectativas globais sobre a demasiada aglomeração urbana representam importantes gargalos para a gestão pública.
Diante desse cenário, um dos grandes desafios dos gestores municipais é criar alternativas de emprego e renda para a população das cidades. O ecossistema de negócios é extremamente influenciado pelas ações do poder público, que tanto pode criar e gerar um ambiente hostil, inibindo assim a atividade empreendedora, como pode, por outro lado, incentivá-la, com medidas de estímulo que certamente irão contribuir para que os pequenos negócios prosperem.
O conceito de tornar as cidades ‘inteligentes’ surge como uma nova dimensão da gestão pública para o enfrentamento desses desafios e também como oportunidade de negócios.
As cidades inteligentes são aquelas que otimizam a utilização dos recursos para servir melhor a população. Isso vale para a mobilidade, a energia ou para qualquer serviço necessário à vida das pessoas.
Essa otimização dos recursos se dá pela interação com novas capacidades tecnológicas, com ênfase na implementação de tecnologias da informação e comunicação – TICs em infraestruturas tradicionais, de forma a implantar melhores níveis de inteligência na gestão pública e na oferta de serviços aos cidadãos e organizações que nelas atuam garantindo, simultaneamente, a qualidade do ambiente urbano e a sustentabilidade do seu desenvolvimento.
Em sua essência, a cidade inteligente se baseia no aspecto colaborativo entre os diferentes agentes, envolvendo a população para a identificação, desenvolvimento e implementação de tecnologias, incluindo aplicativos voltados para a dinâmica urbana e, portanto, não se restringe unicamente a disponibilização de infraestrutura digital.
A literatura do tema descreve sete características frequentemente observadas nas cidades inteligentes: (i) incorporação generalizada das TICs no tecido urbano; (ii) desenvolvimento urbano orientado para negócios; (iii) um sistema de gestão pública participativo, gerador de serviços públicos e sociais, transparente e dotado de perspectivas estratégicas; (iv) foco na dimensão social e humana da cidade a partir de uma perspectiva de cidade criativa; (v) adoção de uma agenda de desenvolvimento de comunidades inteligentes com programas visando à aprendizagem social, educação e capital social; (vi) foco na sustentabilidade social e ambiental e (vii) sistema modal eficiente, amplo, diversificado e não agressivo ao meio ambiente.
Toda essa possibilidade de integração entre a sociedade, o setor privado e a administração pública também gera novas oportunidades de negócios. A economia local crescerá, atrairá investimentos e novos nichos de mercado, que poderão ser explorados de uma maneira muito mais efetiva. Com isso, o empreendedorismo é difundido, a cidade cria novas conexões e contribui para uma evolução que é capaz de atingir outros municípios, estados e países.
As micro e pequenas empresas podem se beneficiar desse ambiente favorável das cidades inteligentes de diversas maneiras:
Ofertando serviços e soluções para áreas do setor público que carecem de eficiência no atendimento à população;
Como desenvolvedoras dos aplicativos (apps), que darão acesso aos dados abertos;
Como comércio, oferecendo serviço de comércio eletrônico;
Como comércio de pequenas cidades do interior, podendo acessar os sites de cartões de crédito e bancos;
Como pequenos negócios na periferia, disponibilizando seus sites e oferecendo serviços na rede;
Como pequenos negócios de prestação de serviços, que poderão ser oferecidos de qualquer cidade do interior e de qualquer porte;
Tendo acesso às redes sociais e podendo participar da compra de insumos e mercadorias de qualquer lugar do mundo;
Tendo acesso às oportunidades de treinamento a distância oferecidas globalmente;
Podendo acessar a nuvem e utilizar tudo que é ofertado por uma grande empresa;
Tendo acesso a toda informação e podendo se igualar em inteligência competitiva às grandes empresas.
Enfim, se a cidade tiver as características de inteligência, a pequena empresa nela instalada terá igualdade de oportunidades com as grandes empresas que já estão participando desse processo.