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| Fri Aug 16 23:41:00 CEST 2019 |

Raio X das áreas de risco geológico mapeadas pela CPRM

Fonte: CPRM

Área de risco de deslizamento de terra em Mantena (MG)

Área de risco de deslizamento de terra em Mantena (MG)

Incontáveis são os quilômetros percorridos por pesquisadores e analistas em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), de norte a sul pelo país, durante os últimos sete anos, para identificar e delimitar áreas com potencial à ocorrência de processos geológicos capazes de gerar perdas de vidas e de bens materiais. 


Enchentes, inundações e deslizamentos de terra são fenômenos que frequentemente afetam a população brasileira. Outros processos naturais também são recorrentes no Brasil, entre eles as enxurradas, terras caídas, corridas de massa e queda de blocos. O perigo pode morar ao lado quando esses fenômenos ocorrem em locais cujo crescimento populacional é acelerado e a ocupação do solo é desordenada. 


De acordo com dados divulgados em novembro de 2018 pela Divisão de Geologia Aplicada (DIGEAP) da CPRM, 1.522 municípios já foram mapeados em todas as regiões brasileiras, sem contar as 52 atualizações por meio de revisitas. Estima-se que aproximadamente quatro milhões de pessoas vivem em áreas com condição de risco alto e muito alto. 


Atualmente, 60 profissionais formados em Geologia e Geografia atuam nos projetos desenvolvidos pela DIGEAP em todas as unidades da empresa. Seis deles são doutores e 20 mestres, com especialidade nas linhas de pesquisa em Geotecnia, Geoprocessamento, Pedologia e áreas afins. 


Joinville, em Santa Catarina, lidera o ranking de municípios setorizados pelo Serviço Geológico do Brasil com o maior número de pessoas vivendo em áreas de risco. Cerca de 116.736 pessoas residem em locais onde podem ocorrer deslizamentos, enchentes e inundações. Em 2013, após a realização do mapeamento em Joinville (SC), pesquisadores e analistas identificaram 29.189 moradias em 59 setores considerados críticos e passíveis à ocorrência de catástrofes. 


 

Mas afinal de contas, o que faz de Joinville a cidade com mais pessoas vivendo em áreas de risco do país? “Se compararmos com outros municípios, o número de setores de risco de Joinville não é tão elevado. Porém, estes setores apresentam uma alta taxa de ocupação em áreas com condição de risco alto e muito alto”, explica Sandra Silva, chefe da DIGEAP. 


Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais -
Em 2011, as chuvas intensas na região serrana do Rio de Janeiro ocasionaram o desastre natural com o maior número de vítimas já registrado no território brasileiro. Segundo o governo do Estado, foram 918 mortos. Houve perdas e danos ainda nos setores sociais, econômicos e de infraestrutura, como habitação, energia, saneamento, comércio, agricultura e serviços. No ano seguinte, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais, com foco de atuação em quatro eixos: Prevenção, mapeamento, monitoramento e alerta, e resposta. 


Nesse período, a CPRM recebeu por parte do Governo Federal a atribuição e responsabilidade de realizar a identificação e setorização e, assim, estas ações foram inseridas no Plano Plurianual (PPA) entre os anos de 2012 a 2015 e 2016 a 2019. 


Geólogo da CPRM avalia risco de deslizamento de terra em Ouro Preto (MG)

Geólogo da CPRM avalia risco de deslizamento de terra em Ouro Preto (MG)

Parcerias - Uma metodologia sólida e inovadora foi construída para a realização deste trabalho de cunho informativo e preventivo, inclusive a partir de parcerias com organizações nacionais e internacionais, a exemplo do projeto em conjunto com o governo japonês por intermédio da JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão), que resultou no desenvolvimento do Manual Técnico para Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa.

“Hoje trabalhamos com duas metas. A primeira diz respeito às demandas do Ministério do Planejamento, no contexto do PPA. A segunda tem caráter especial, por ser uma meta não regular, que corresponde a produtos contratados por convênio com o Governo do Estado de Santa Catarina, para execução em 18 meses de setorizações de risco e modelagem de suscetibilidade para o todo o Estado. Quanto às cartas de suscetibilidade e os mapeamentos de perigo (cartografia inédita no país) serão para alguns municípios em específico”, destaca Sandra Silva. 

A expertise e a maturidade técnica e científica fizeram com que a CPRM fosse reconhecida, em 2017, pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR), ao conquistar o prêmio “The UN Sasakawa Award”, por demonstrar excelência em inovação, divulgação e colaboração para melhorar a resiliência de nações e comunidades a desastres.



Pedro Henrique Santos
Assessoria de Comunicação 
Serviço Geológico do Brasil - CPRM
pedro.pereira@cprm.gov.br
(21) 2295-4641